Sunday, 21 June 2009

Vicente Fonseca


Vicente Malheiros da Fonseca – magistrado e compositor

"CORDAS DO TAPAJÓS" - artigo publicado no jornal "O Liberal", edição de 08.07.2008 (Belém-PA)

Santarém produziu três gênios da música brasileira, com os quais tive o privilégio de conviver: Rachel Peluso (1908-2005), Wilson Fonseca – maestro Isoca (1912-2002) e Sebastião Tapajós (1944-), violonista excepcional, que voltou a residir na terra querida, de onde administra a sua agenda musical.
Embora nascidos na mesma cidade, os três músicos santarenos jamais estiveram reunidos num mesmo evento musical. Confesso que cheguei a imaginar um encontro artístico entre meu pai, minha professora de piano e meu amigo Sebastião, na Pérola do Tapajós. O destino, porém, traçou caminhos próprios para a trajetória desses santarenos ilustres. Isoca permaneceu na terra querida. Rachel Peluso, ainda jovem, transferiu-se para São Paulo. E Sebastião Tapajós, que morou por vários anos no Rio de Janeiro, tem percorrido o mundo, encantando platéias com o seu violão virtuoso.
Sebastião acaba de gravar o CD Cordas do Tapajós, cujo lançamento ocorre no Theatro da Paz (9 de julho). O ingresso para o show dá direito ao CD duplo, um instrumental e outro cantado. Tapajós se faz acompanhar de outros músicos, como Moacir Santos, ao violão, Djalma do Cavaco e a cantora Kaila Silva.
O violonista santareno, consagrado em âmbito nacional e internacional, é formado pelo Conservatório Nacional de Música de Lisboa e fez curso de violão em Madrid com Emílio Pujol. Diplomou-se pelo Instituto de Cultura Hispânica. Ganhou inúmeros prêmios, como o Grande Prêmio do Disco do Ano da Alemanha de 1982 e o Melhor Músico Brasileiro de 1992. Gravou dezenas de discos e é considerado pela crítica internacional um dos melhores instrumentistas do mundo. Realizou várias turnês de sucesso pelos cinco continentes e participou de incontáveis eventos musicais em diversos países.


CORDAS DO TAPAJÓS_2
Em 1959, na comemoração do Jubileu de Prata do Centro Recreativo de Santarém, Wilson Fonseca organizou uma sessão lítero-musical. Na ocasião, com 11 anos de idade, eu toquei piano solo e piano a 4 mãos, com meu pai e meus irmãos Conceição (8 anos) e Agostinho (6 anos). No recital, o jovem Sebastião Marcião (hoje, Tapajós), em brilhante participação, tocou uma peça de Dilermano Reis, conhecido violonista brasileiro. Então, fomos parceiros musicais, no saudoso tempo de juventude em Santarém. Quando Sebastião passou por Boa Vista-RR, onde eu residia, em 1980, convidei-o para almoçar em casa. Depois do almoço, gravei um show particular que ele nos proporcionou ao violão, que guardo com carinho. Até cantei a Canção de Minha Saudade (Nunca vi praias tão belas...), acompanhado, ao violão, pelo genial Sabá. Em 2002, estávamos novamente juntos no Encontro com Maestro Isoca, no Art Doce Hall, em Belém, ele com o seu magnífico violão e eu, no piano, no recital, idealizado por Glória Caputo, na execução de músicas de meu pai, com participação de vários artistas, inclusive familiares de Isoca, a última homenagem, em vida, ao maestro santareno, na capital paraense, do que resultou na edição de um CD, com a presença de Tapajós.
O CD Cordas do Tapajós, uma realização do Sesc Pará, prestigia compositores amazônicos. Além de composições do próprio Sebastião Tapajós, há peças de Moacir Santos, de Avelino Valle e de Wilson Fonseca (Pérola do Tapajós, valsa, 1935, de parceria com Pedro Santos e letra de Felisbelo Sussuarana; Canção de Minha Saudade, 1949, letra de Wilmar Fonseca; Um Poema de Amor, bolero, 1953; e Terra Querida, canção, 1961). Simplesmente imperdível.

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